sábado, 13 de outubro de 2007

Propriedade Intelectual por Imre Simon

Veja abaixo artigo publicado por Imre Simon (Ph.D - University of Waterloo, Canada, 1972 ) no site da Universidade de São Paulo : http://www.ime.usp.br/~is/.

Resumo:

A propriedade intelectual é abordada à vista das perplexidades que a cercam diante do advento da era digital, especialmente da Internet. É feito um breve histórico do conceito e das suas motivações. Relatam-se algumas experiências recentes e bastante inovadoras na procura de novos modelos de utilização do direito que o autor possui de influir sobre a disseminação da sua criação. O artigo termina com algumas reflexões sobre o possível futuro da propriedade intelectual.

Fonte: http://www.ime.usp.br/~is/papir/direitos/direitos-dgz/direitos-dgz.html

Zara e H Stern falam sobre pirataria e franquias

A grife Zara e a joalheria H Stern discutiram hoje, 10 de outubro, o uso de franquias e a preocupação com a pirataria e falsificação de seus produtos.
No segundo e último dia do seminário A Propriedade Intelectual e a Indústria da Moda, que ocorreu ontem e hoje no Museu Histórico Nacional, no Centro do Rio de Janeiro, o registro de desenho industrial e o fortalecimento das marcas foram tema de debates.
No primeiro painel do dia Roberto Stern, da H Stern, e Susana Fernandez, da Zara manifestaram suas preocupações com as cópias de suas peças e a importância de usar o sistema de franquias.
- É impossível acabar com a falsificação, mas há meios de controlá-la. Nós não somos complacentes com a pirataria porque acreditamos que ela é um desrespeito ao consumidor – afirmou Roberto Stern.
Susana Fernandez ressaltou o uso de franquias no exterior como meio de alcançar mercados mais distantes e culturas diversas. Susana falou ainda sobre o direito autoral dos fotógrafos e a licença de imagem dos modelos.

Fonte:INPI: http://www.inpi.gov.br/noticias/zara-e-h-stern-falam-sobre-pirataria-e-franquias

Noticia interessante para os Administradores

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

TV Digital no Brasil

http://www.teleco.com.br/tvdigital.asp

Seção: TV Digital
10/10/07

TV Digital no Brasil

Esta página: Apresenta o que é a TV Digital e acompanha o seu processo de implantação no Brasil.

Lançamento da TV Digital no Brasil

Dia 2 de Dezembro de 2007 é a data prevista para a primeira transmissão HDTV (Televisão de Alta Definição) na cidade de São Paulo.

Para a cidade do Rio de Janeiro a previsão é que as transmissões sejam iniciadas até o final do primeiro semestre de 2008. Para as demais cidades brasileiras a previsão é que isto ocorra até 2011.


TV Digital: O que é?

A TV aberta (terrestre) transmitida para os televisores existentes em 90% das residências brasileiras utiliza canais analógicos com largura de banda de 6 MHz.

Na TV Digital a transmissão do áudio e do vídeo passa a ser feita através de sinais digitais que, codificados, permitem um uso mais eficiente do espectro eletromagnético, devido ao aumento da taxa de transmissão de dados na banda de frequências disponível.

É possível desta forma transmitir:
· Som e imagem de melhor qualidade viabilizando a Televisão de Alta Definição (HDTV). A resolução da imagem na TV analógica que é de 400 x 400 pixels poderá ser de até 1920 x 1080 pixels.
· Mais canais (até 4) na mesma faixa de frequências utilizada por um canal analógico.
A TV digital apresenta algumas funcionalidades que permitem uma interatividade entre o telespectador e a emissora possibilitando:
· O acesso à informações adicionais como por exemplo o menu de programação.
· A iteração do usuário com a emissora, através de um canal de retorno via linha telefônica por exemplo, possibilitando a este votar ou fazer compras.
Receptores de TV

Com a introdução da tecnologia digital na radiodifusão de TV (TV Digital Terrestre), o usuário poderá optar por uma das seguintes situações:
· Continuar a receber a TV aberta da forma atual utilizando a sua TV analógica.
· Adquirir um conversor (set top box) que permitirá receber o sinal digital e convertê-lo para um formato de vídeo e áudio disponível em seu receptor de TV
· Adquirir uma TV nova que já incorpore o conversor.

Tecnologias

Existem em todo o mundo três sistemas de TV Digital – o sistema americano (ATSC), o sistema europeu (DVB) e o sistema japonês (ISDB).

Implantação da TV Digital no Brasil

Em Jun/06 o Brasil adotou o padrão japonês (ISDB) para a TV Digital terrestre. Para detalhes consulte:
Escolha do padrão de TV Digital

A definição ocorreu através do
Decreto 5.820. Os principais pontos definidos no decreto são:
· O decreto definiu que o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T) adotará, como base, o padrão de sinais do ISDB-T e possibilitará transmissão digital em alta definição (HDTV) e em definição padrão (SDTV); transmissão digital simultânea para recepção fixa, móvel e portátil; e interatividade.
· Ás emissoras de TV receberão um canal de radiofrequência com largura de banda de 6 MHz para cada canal analógico que possuam.
· A transmissão analógica continuará ocorrendo, simultâneamente à digital, por um período de 10 anos até 29/06/2016. A partir de Jul/2013 somente serão outorgados canais para a transmissão em tecnologia digital.
· Deverão ser consignados pelo menos quatro canais digitais para a exploração direta pela União Federal como canal do Poder Executivo, Canal de Educação, Canal de Cultura e Canal de Cidadania.
Em Out/06 foram definidas as etapas a serem cumpridas por cada Emissora de TV analógica para implantação da TV Digital no Brasil (
Port MC 652).

O início das transmissões de TV Digital terá início na cidade de São Paulo e se extenderá depois para as demais capitais e principais cidades, até atingir todo o país. Consulte os prazos em: Implantação da TV Digital no Brasil.

O Ministério das Comunicações divulgou cronograma que prevê para Dez/07 o início das transmissões de TV Digital na cidade de São Paulo e em Dez/09 em todas as capitais do país.

Cronograma de Implantação da TV Digital no Brasil
(Dec. 5820 de 29/06/06 )

[...]


Consignação de Canais Digitais para a cidade de São Paulo

O Ministro das Comunicações assinou em 09/04/07 os termos de consignação de canais digitais para dez emissoras de televisão da cidade de São Paulo: TV Ômega (Rede TV), TV Cultura, Rede 21, SBT, Rede Bandeirantes, Rede Record, Grupo Abril, Canal Brasileiro de Informação (CBI – MIX TV), Rede Globo e TV Gazeta.
Processo de Revisão dos Planos Básicos para Consignação de Canais Digitais
Pareamento dos Canais Analógicos com os Digitais

A Anatel está promovendo mudanças nos Planos Básicos de Distribuição de Canais de Televisão Digital - PBTVD e de Atribuição de Canais de Televisão por Assinatura em UHF - PBTVA de modo a consignar os canais digitais para as emissoras.
[...]


O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, através de portaria de 31/07/2006 criou o Grupo Executivo de Televisão Digital, que terá como incumbência definir e implementar ações relacionadas com o Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T) nas áreas de competência do MDIC e suas unidades.

Projetos

O Minicom autorizou em 1/09/2006 o repasse de R$ 3.965 mil de recursos do Funttel para a Finep para serem aplicados nos projetos:
· P&D de Sistemas de Transmissão para TV Digital (R$ 630.000,00)
· Rhodes - Sistema de Telemetria e Geo-referenciamento (R$ 1 milhão)
· Rede Experimental de Alta Velocidade - Giga 1 (R$ 442 mil) e Giga 2 (R$ 349,6 mil)
· Convergência em Telecomunicações - Converge R$1,4 milhões

[...]


Preço do Set Top Box

As empresas avaliam que o set top box terá um preço médio de R$ 700,00 a R$ 800,00 para o consumidor final. Para alcançar o valor de R$ 200,00, expectativa do governo brasileiro, as empresas precisam de apoio fiscal diminuindo os impostos pelo produto.

Como ficam os receptores de TV atuais com a TV Digital?

Inicialmente, enquanto os televisores preparados para a recepção de TV Digital ainda não estiverem em todos os domicílios, será necessário utilizar os seguintes equipamentos, conforme mostra a figura abaixo:

· Antena: será necessário ter uma antena para a faixa de UHF (canais 14 e acima), a mesma que é usada para TV analógica. Não será possível usar uma antena na faixa de VHF (canais 2 a 13).
· Conversor para TV Digital: fará a recepção do sinal de TV digital, seleção dos canais e conversão do sinal para uso em televisores convencionais, compatíveis com a TV analógica atual.
· Receptor de TV convencional: para apresentação dos programas do canal selecionado. Poderão ser usados tanto os televisores convencionais analógicos, mais comuns e mais baratos, como os televisores convencionais digitais. Continuará sendo possível conectar o recetor de TV à equipamentos de DVD ou conversores de TV a cabo ou satélite como já ocorre hoje.
No futuro deverão ser produzidos receptores de TV que já incorporam o conversor de TV Digital.

Conversor para TV Digital

O conversor, também conhecido como set-top-box ou terminal de acesso, será responsável pela recepção do sinal dos canais de TV digital. Nos modelos iniciais mais simples, ele será composto pelo sintonizador de canais, e pelo processador de vídeo e áudio.

Devido aos vários tipos de televisores existentes, ele deverá ter pelo menos 3 tipos de saídas:
· RF, canal 3: sinal de saída compatível com a TV analógica convencional, que poderá ser conectado na entrada da antena da TV convencional e que será recebido no canal 3.
· Vídeo: sinal de saída de vídeo, que poderá ser conectado em TV convencionais que tenha esse tipo de entrada disponível.
· Áudio: sinal de saída de áudio, que poderá ser conectado em TV convencionais que tenha esse tipo de entrada disponível, ou em aparelhos de som e sistemas de home theater.
Outras funcionalidades de interatividade poderão ser incorporadas em versões posteriores, que permitirão interação local com os usuários ou até interação remota com programas ou facilidades de internet, através de conexões por modem ou acessos de banda larga.


Especidicações do Padrão Brasileiro de TV Digital

O Sistema de TV Digital Terrestre Brasileiro está sendo definido, com base no padrão ISDB-T japonês e terá como base as seguintes características:

Transmissão ;Padrão japonês ISDB-T ;Áudio ;Dolby 5.1, equivalente aos melhores filmes em DVD ;Resoluçãode Vídeo ;HDTV: 1080i (linhas entrelaçadas) e 720p (linhas progressivas) para qualidade de alta definição.SDTV: 480p (linhas progressivas) para qualidade padrão, equivalentes aos DVD's atuais,
CompressãoVídeo .


O padrão japonês adotou o MPEG-2, mas o padrão brasileiro pretende adotar o MPEG 4, que permite transmitir no mesmo canal um programa com qualidade de alta definição (HDTV), informações de interatividade e programas adicionais com qualidade de definição padrão (SDTV).

Dentre as características apresentadas, vale observar que as resoluções de vídeo definidas já levam em consideração as características de apresentação de imagens detalhadas a seguir.
[...]

Tipos de Receptores de TV

Os tipos principais de TVs existentes atualmente são:

Tubo de Raios Catódicos (CRT)

Usado tanto em computadores como em televisores, são os dispositivos mais antigos, embora tenham evoluído bastante. Sua resolução é medida em número de linhas, e apresentam 480 linhas por quadro, para compatibilidade com os sinal de TV analógica atual.

Possuem resolução compatível com a definição padrão (SDTV), têm brilho, contraste e tempo de apresentação de boa qualidade, mas podem apresentar, no máximo, 480p linhas, se o televisor tiver um circuito progressive scan incorporado.

Apresentam consumo médio de energia e tamanho grande principalmente em telas maiores, fazendo com que os seus gabinetes ocupem bastante espaço devido a profundidade do CRT.

LCD (Liquid Cristal Display)

Adotado inicialmente para computadores, seu uso tem sido difundido para televisores digitais, que normalmente já possuem incorporados também os circuitos progressive scan.

Esses dispositivos podem ter as seguintes resoluções: [480x240] para definição padrão 480i, [640x480, 800x600, 1024x768, 1024x1024] para definição padrão melhorada 480p, [1280x720, 1280x768, 1280x1024, 1366x768, 1440x900] para alta definição 720p, e [1920x1080] para alta definição melhorada 1080p.

Possuem bom brilho, contraste de menor qualidade que os dispositivos de plasma (embora ainda tenham muito espaço para aperfeiçoamentos), e tempo de apresentação de imagens mais lento, compensado por circuitos específicos para esse fim para adequarem-se as imagens de movimento.

Seu consumo de energia é bem inferior aos dispositivos de plasma e o tamanho bem inferior ao dos gabinetes com CRT's, principalmente na sua profundidade. Atualmente existem dispositivos LCD de 15 a 40 polegadas.

Plasma

Seu uso aplica-se principalmente aos televisores digitais de maior porte, que normalmente já possuem incorporados também os circuitos progressive scan.

Esses dispositivos podem ter as seguintes resoluções: [640x480, 852x480, 1024x720, 1024x768, 1024x1024] para definição padrão melhorada 480p, e [1280x768, 1366x768] para alta definição 720p. Possuem bom brilho, contraste e tempo de apresentação de imagens, embora apresentem burn-in (marcas permanentes na tela) elevado, dependendo do uso.

Seu consumo de energia é superior aos dispositivos de LCD e o tamanho, como no caso dos LCD's, é bem inferior ao dos gabinetes com CRT's. Atualmente existem dispositivos de plasma a partir de 42 polegadas, podendo chegar até 70 polegadas.


Retroprojeção

Sua aplicação inicial deu-se em TV's analógicas de grande porte, e hoje existem também dispositivos de retroprojeção digitais. A técnica consiste em ter um "display" interno de pequeno porte que projeta a imagem na tela frontal do televisor.

Estes televisores normalmente possuem incorporados também os circuitos progressive scan. Podem ser encontrados dispositivos com as seguintes resoluções: [1280x720, 1366x768, 1388x788] para alta definição 720p e [1920x1080] para alta definição melhorada 1080p. Possuem bom brilho, contraste e tempo de apresentação de imagens.

Seu consumo de energia é compatível com os dispositivos de LCD e o tamanho é bem superior ao dos gabinetes com LCD's e Plasma. Atualmente existem dispositivos de retroprojeção partir de 40 polegadas, e sua aplicação principal está voltada para TV's de grande porte.


E como fica a TV Aberta via Satélite?

A TV aberta via satélite tem uma configuração parecida com a apresentada anteriormente, ou seja, para ter acesso ao sinal de TV é necessário ter um conversor de acesso por satélite. Esse conversor recebe o sinal do satélite, sintonizando o canal desejado, e depois converte para o sinal de TV analógica compatível como os televisores convencionais.

O padrão de transmissão para a TV digital aberta via satélite ainda se encontra em processo de definição. Entretanto, levando-se em consideração que o processo atual já faz uso de um conversor para receber o sinal de TV analógica, para o caso da recepção de sinal de satélite de TV digital o sistema usará os equipamentos apresentados na figura a seguir:

· Antena Parabólica: deve ser o mesmo tipo de antena usada para recepção de TV analógica convencional;
· Conversor para TV Digital: assim como no caso da TV digital terrestre, o conversor de TV digital via satélite fará a recepção do sinal de TV digital, a seleção dos canais e conversão do sinal para uso em televisores convencionais, compatíveis com a TV analógica atual. Os conversores avançados devem ter, além da saída RF - canal 3, as saídas de Vídeo e Áudio digital para os televisores digitais mais avançados, usando padrões compatíveis com a TV digital aberta, ou seja, áudio no formato Dolby 5.1 e vídeo no formato MPEG 4.
· TV convencional: deve ser usado para a apresentação dos programas do canal selecionado. Poderão ser usados tanto os televisores convencionais analógicos, mais comuns e mais baratos, como os televisores convencionais digitais.


http://www.teleco.com.br/tvdigital.asp

http://www.teleco.com.br/rtvd.asp

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

As patentes e os dogmas


Quando se fala em medicamentos e China, duas notícias curiosas se repetem. Uma é o desrespeito aos direitos de propriedade intelectual no país, com uma pirataria recorde de remédios. Outra é a euforia das indústrias farmacêuticas com o mercado chinês, que fez do país um dos mais fervilhantes centros de pesquisa e produção do mundo. O paradoxo não indica que o Brasil deva seguir o exemplo chinês nessa matéria, mas recomenda menos ligeireza na análise de fatos como o recente licenciamento compulsório decretado pelo governo brasileiro para um remédio anti-aids.A China demonstra que o mercado farmacêutico e a discussão sobre propriedade intelectual não são assunto para se tratar por critérios abstratos, na base dos dogmas de livro-texto. O mercado farmacêutico é tipicamente falho; não se pode falar, nele, em ajustes ditados simplesmente pelo mecanismo de oferta e demanda. Há fatores, além da garantia de monopólio, a estimular a pesquisa científica e a inovação, a criação e instalação de laboratórios e a produção de remédios. Renda e mercado consumidor, por exemplo.As patentes, especialmente, impõem outra discussão, já que são um direito de monopólio, um golpe na concorrência, permitido aos inventores (ou a inovadores com espírito empresarial e inteligência para reclamar direitos sobre aperfeiçoamentos de invenções não patenteadas).Criada por liberais, para facilitar a disseminação do conhecimento e a produtividade econômica, a lógica da patente é garantir remuneração e monopólio na invenção, suficiente para recompensar devidamente os esforços do inventor. Mas sob condições e por tempo limitado, para que não se transforme em fator de atraso e ineficiência. Quando um país, como o Brasil, lança um programa com dinheiro público para compra de um medicamento, claramente amplia mercado para esse remédio - e as receitas que seu inventor previa ao iniciar pesquisas para fabricá-lo.O sucesso desse programa leva a um aumento da receita dos fabricantes, e, como já demonstrou nesse jornal o repórter Daniel Rittner, pode criar também um problema fiscal, já que a sobrevivência de pacientes antes condenados à morte gera despesas crescentes, agravadas caso os detentores do monopólio na venda dos remédios não sejam submetidos a algum tipo de controle. Nesses casos, como aconteceu no Brasil, não se deve falar em "demagogia", como querem alguns críticos, mas em responsabilidade fiscal. O que está em jogo não são só os US$ 30 milhões economizados com o licenciamento do Efavirenz, mas o custo do programa de combate à aids para a sociedade e a lógica que deve orientar todos os laboratórios privados nas negociações de preço com o consumidor forçado, o Estado.


Disponível em: http://www.inovacao.srv.br/noticias_de_patentes_detalhe.php?not=1

Por Sergio Leo, para Valor Econômico - 14/05/2007

Brasil começa a desbravar os caminhos das patentes

Atestar privilégio legal sobre uma invenção, através de patente ainda é o sonho de muitos pesquisadores no Brasil

O número de patentes tem sido um dos elementos considerados na avaliação do nível de desenvolvimento dos países, atestado a partir da produção tecnológica. No Brasil, apesar de a pesquisa estar avançando, este ainda não é um mecanismo muito utilizado.

De acordo com diversos pesquisadores ouvidos, o principal motivo ainda é a falta de uma cultura voltada a esse tipo de comportamento. Durante muito tempo, a capacidade de pesquisa esteve exclusivamente nas universidades e institutos públicos de pesquisa, com uma filosofia de geração de conhecimentos de livre circulação, sem que uma articulação mais ampla ocorresse entre os
pesquisadores e as empresas.

Pesquisador e superintendente geral do Padetec, Afrânio Craveiro, reconhece a faltadeelo entre a pesquisa e a inovação tecnológica no Brasil em contraste ao desenvolvimento de países como a Coréia do Sul.

Segundo suas informações, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) chega a demorar sete/oito anos para registrar uma patente, enquanto em países mais desenvolvidos a demora é de, em média, um ano e meio.

Considerando a velocidade do desenvolvimento tecnológico, Craveiro acredita que o Brasil precisa se modernizar no setor, pois este problema se reflete em diversas áreas.

´Temos vários produtos de interesse. Mas, às vezes, há uma demora de até um ano para que a empresa manifeste interesse em patentear´, esclarece.

O pesquisador destaca que, além de carecer da cultura de proteção pela patente industrial, o pesquisador brasileiro tem complementado sua formação no exterior, com tecnologia numa área muito restritado conhecimento, tentado aplicar o conhecimento no retorno ao País, o que fica difícil.

´O cientista tem uma visão mais sistêmica, conseguindo trabalhar no nível local, basta percebero valor para mudar de visão e passar a patentear e publicar paralelamente´, diz.

Paralelamente, os pesquisadores ouvidos apontam falhas na estrutura do Inpi, como a carência de peritos examinadores, até pela grande especialização requerida pela função.

Tanto o comportamento dos pesquisadores, quanto a estrutura para concessão de patentes vem mudando, mas a velocidade ainda parece lenta, se comparada ao desenvolvimento tecnológico dos dias atuais.

Do ponto de vista científico, as patentes são consideradas como incentivo à inovação, não só pelo lado comercial, mas pela revelação segura do conhecimento, garantindo o avanço das pesquisas.

Cada país tem legislação própria relativa à propriedade intelectual, aplicável somente dentro do seu território. Para obter direitos legais sobre o invento em diferentes países, é necessário solicitar proteção separadamente.

O Inpi pretende implantar, em 2008, um sistema eletrônico de depósito de patentes para dar mais agilidade ao processo de concessão de patentes, hoje durando aproximadamente seis anos. A expectativa é que caia para quatro anos numa primeira etapa, podendo, depois, chegar a 2,5 anos, como prevê a legislação brasileira.

Ele já possui contrato com o Escritório Europeu de Patentes (EPO) para acessar o sistema debuscas utilizado pelos examinadores de patentes da entidade, sendo o único país fora da União Européia a ter acesso.

Trata-se de um software livre que pode ser adequado às necessidades e à legislação de cada país.

Transferências

Ainda há uma discussão corrente sobre onde deve se dar a pesquisa, pois, enquanto no Brasil 80% dos pesquisadores estão na academia e o restante nas empresas, nos países desenvolvidos a situação é inversa, conforme dados da Universidade de Campinas (Unicamp).

A propriedade intelectual pode ser reconhecida em três categorias: artística, científica e técnica, sendo que os requisitos para a proteção industrial incluem a novidade, o que significa que não pode ter sido tornada pública por nenhum meio de comunicação; atividade inventiva, sendo desconsideradas técnicas óbvias ou decorrência natural do estado da técnica; e aplicação industrial, ou seja, ser passível de fabricação e utilização industrial, pois não são patenteáveis idéias ou conceitos puramente teóricos.

A patente de invenção (PI) é válida por 20 anos a partir da data do depósito; a de modelo de utilidade (MU), por 15 anos; e o registro de desenho industrial (DI) por dez anos, sendo prorrogável por mais 3 prazos de cinco anos.

O pedido de patente permanece em sigilo por 18 meses; depois tem suas referências publicadas na Revista da Propriedade Industrial (RPI).

Concluído o exame, é ou não deferido, a decisão é publicada e o pesquisador tem umprazo de 60 dias para comprovar o pagamento da retribuição correspondente à expedição da carta patente. A concessão é publicada na RPI. Mas ainda há um prazo de seis meses para interposição de pedido de nulidade administrativa da patente por terceiros interessados.

MARISTELA CRISPIM - Repórter

FIQUE POR DENTRO

É preciso novidade, inventividade e aplicação industrial

Propriedade intelectual é o direito exercido sobre um bem imaterial. As criações técnicas abrangem invenções, ou seja,
produto, equipamento e/ou processo industrializável e podem ser protegidas pela lei de patentes.

Concepções científicas abrangem descobertas em diferentes campos, não passíveis de proteção, pois descoberta não é criação e sim revelação de algo da natureza até então ignorado.

A tecnologia pode ser mantida sob segredo, sem amparo ou proteção legal, através do segredo industrial.

Também pode ser protegida por patente, com amparo legal, porém perde a condição de segredo industrial, pois o documento de patente é de conhecimento público.

São requisitos para a proteção industrial: novidade, atividade inventiva a aplicação industrial.

Diário do Nordeste - 01/09/2007